Especial

O Jedi
de J.J. Abrams

 

O cineasta americano J. J. Abrams não ganhou o apelido de “novo Steven Spielberg” à toa. Com um robusto currículo como produtor e diretor, Abrams é o nome por trás de diversos sucessos de ficção científica da TV e do cinema, desde os seriados Lost e Alias até a nova fase de Star Trek e, claro, o sétimo episódio de Star Wars. O que poucos sabem, contudo, é que Abrams não está sozinho na missão de salvar a galáxia. Sócio do cineasta na produtora Bad Robot, Bryan Burk é um dos produtores executivos mais conceituados de Hollywood e braço direito de Abrams. Ele trabalhou em todos os títulos citados acima — e mais uma longa lista de outros que, com certeza, você já viu e provavelmente gostou, como Fringe e Missão Impossível, para citar alguns.

Durante uma rápida passagem pelo Brasil, Burk conversou com o site de VEJA sobre o processo de criação e o que os fãs podem esperar de O Despertar da Força.

Qual foi sua primeira reação ao saber que faria o novo filme de ‘Star Wars’?

Para ser honesto, no começo foi tranquilo. Pensei: ‘Ah, legal’. Pois não tinha me tocado do que estava acontecendo. De repente, começou a tomar corpo e fiquei mais animado. Até que nos reunimos com Lawrence Kasdan (produtor e roteirista de O Retorno de Jedi, entre outros), que escreveu e dirigiu alguns dos meus filmes favoritos; e Michael Arndt, que fez Toy Story 3 e Pequena Miss Sunshine. Mas a mais importante da sala, pra mim, era Kathleen Kennedy, que produziu todos os filmes que eu amava na adolescência. Só conhecê-la, vê-la trabalhando e poder chamá-la de amiga já foi o auge para mim. Depois chegou o momento de ir para o set e ver a Millenium Falcon sendo construída, Harrison Ford andando com a roupa de Han Solo. Fiquei enlouquecido, não acreditava em tudo aquilo. Foi uma grande experiência.

Eu não sei como o filme vai se comportar em bilheteria, se vai bem ou não. O que eu sei é que fizemos um filme que as pessoas vão amar.”

Bryan Burk

J.J. Abrams afirmou que o novo filme terá menos efeitos especiais e mais cenas reais. Quão difícil foi produzir isso?

Na verdade, teremos muita computação gráfica no filme. Mas a diferença é que surgiu a ideia de fazer algo real, com criaturas de verdade. As pessoas já não usam muitos bonecos para os filmes. Neste caso, foi algo que J.J. insistiu, pois ele queria fazer o mais real e tangível possível. Então nossa equipe começou a desenvolver muitas criaturas inimagináveis. Enquanto filmávamos algumas delas estavam lá, andando ao fundo. Em alguns casos, eu olhava para estes bonecos e não conseguia imaginar como aquilo estava funcionando. Eu ficava na dúvida: “Será que tem uma pessoa ali dentro? É um robô?”. Eu não entendia como funcionava. Era uma combinação de anos de tecnologia. Uma mistura de bonecos, com animatronics, entre outras coisas. Quando terminamos as filmagens, os efeitos visuais foram adicionados com tanto esmero que quando eu assisti a algumas cenas pensei: “isso estava ai quando filmamos?”. Seu cérebro não consegue processar o que é real ou não. Mesmo eu, que estive no set, tive essa dificuldade. É impressionante.

Então não existiu um momento em que ficou com medo, olhou para as filmagens e pensou: ‘isso não vai dar certo’?

Eu tenho medo de quase tudo que faço na vida. Tenho medo desta entrevista, por exemplo. A qualquer momento posso falar uma besteira, se é que já não falei (risos). Quando me perguntam o que um produtor faz, eu digo que sirvo para apagar incêndios. Todo dia, eu fico correndo e resolvendo problemas, me certificando que tudo está dando certo, que as filmagens estão acontecendo da maneira que esperamos. Se não está funcionando, temos que pensar em como resolver. Se não está bom, então temos que parar e pensar em como aquilo pode ficar ótimo. É um sentimento constante, mesmo quando tudo acaba. Quando você não pode mais fazer alterações.

 
 

Pouca coisa do roteiro foi divulgada até o momento. Abrams deu algumas dicas sobre a produção dar mais destaque à participação feminina e que Darth Vader será tratado como um mártir. Para você, qual a parte mais importante da história?

Eu amo a existência de possibilidades. Quero que as pessoas, após assistirem ao filme, tenham a sensação de que qualquer coisa é possível. Nada é fácil, mas as possibilidades existem. Se você encontra seu caminho, pode fazer qualquer coisa. Não só neste filme, mas em Star Wars como um todo. A constante batalha entre o bem e o mal, o fracasso e sucesso. Se você segue seu caminho, deixa a ‘Força’ entrar, então conseguirá se encontrar.

Os filmes anteriores expressavam detalhes relacionados ao seu tempo. Como política da época pós-Guerra Fria e até avanços científicos. Este filme terá alguma conexão com o momento em que vivemos?

Enquanto fazíamos o filme, conversávamos o tempo todo sobre os acontecimentos do mundo. Existia o mundo externo e o mundo do filme, que se relacionavam. Acho que as pessoas vão conseguir relacionar muitas coisas do roteiro com a nossa realidade. Mas deixarei isso para os espectadores descobrirem no cinema.

Existe algo nos seis filmes anteriores que devemos prestar mais atenção antes de ver o sétimo episódio?

Se você viu os filmes anteriores, o longa vai funcionar de uma maneira. Se você não viu, vai funcionar de outro jeito. Mesmo quem não assistiu aos outros filmes, pode acompanhar esta produção e garanto que vai se emocionar, pois teremos personagens que vão experimentar e descobrir o que aconteceu antes deles, enquanto outros não sabem de nada sobre as histórias do passado e viverão uma nova jornada. Isso foi intencional, para que a plateia, que não viu aos outros filmes, possa se sentir representada na tela.

Dificilmente este filme será um fracasso, já que ele é muito esperado e causou curiosidade. Você ainda tem alguma dúvida em relação a este lançamento?

Eu terei receios em relação a este lançamento até o dia da estreia (risos). Eu não sei como o filme vai se comportar em bilheteria, se vai bem ou não. O que eu sei é que as pessoas vão gostar. Ele preencherá a falta que havia de um novo episódio e vai criar o desejo de novas histórias. Disso eu não tenho medo. Estou muito confiante que fizemos um filme que as pessoas vão amar.