Heróis às avessas

Oriundo do lado B dos quadrinhos, o Esquadrão Suicida ganha seu lugar sob os holofotes com o filme que tenta tirar a DC Comics da sombra da Marvel no cinema

Para combater um grande mal, a regra é clara: junte vários heróis em um só time. A ideia já batida (e bilionária) nos cinemas, com trupes como X-Men, Vingadores e, em breve, Liga da Justiça, é ainda mais antiga nos quadrinhos. A Liga, por exemplo, foi hit nas tramas da DC Comics nos anos 1960 e serviu de inspiração para a concorrente Marvel, que beirava a falência quando criou o Quarteto Fantástico e, pouco depois, os mutantes dos X-Men. As supertropas salvaram o mundo na ficção e, na vida real, ajudaram as editoras a recuperar as finanças após a Segunda Guerra Mundial. A fórmula ganhou, então, um certo selo de garantia.

Mas que tal unir um grupo de vilões em uma mesma equipe? Não apenas vilões, aliás: supervilões sem escrúpulos, condenados sem nada a perder. Psicopatas, psicóticos e sociopatas que matam por pura diversão. A ideia estapafúrdia chegou aos quadrinhos da DC de maneira sorrateira em 1959, na revista The Brave and The Bold nº 25. A trama foi aprimorada nos anos 1980, com a Força Tarefa X, nome do que seria apelidado de Esquadrão Suicida.

Conduzidos por uma oficial do governo americano, Amanda Waller (Viola Davis), criminosos ganham a chance de reduzir a sua sentença ao participar de ações extremamente perigosas em prol do país. Para controlá-los, é colocado um localizador explosivo em seus pescoços – essa é a segurança de que eles vão andar na linha enquanto estiverem fora das grades, unidos para combater o “grande mal”, na pele da possuída Magia (a modelo Cara Delevingne).

Cena do filme Esquadrão Suicida (Divulgação)

Unidos, aliás, não apenas contra o grande mal, mas também contra uma grande rival da DC. A série de HQ foi cancelada e renovada diversas vezes por seu desempenho ambivalente em vendas. Apesar da performance comercial oscilante, a superguangue chega aos cinemas como a grande aposta da editora para sair da sombra da Marvel, a arqui-inimiga que dominou as bilheterias nos últimos anos com blockbusters diversos – de Homem de Ferro a Homem-Aranha, um dos poucos a não integrar o acordo da empresa com a Disney. E que estabeleceu um padrão de excelência no processo de verter para a tela o universo fantástico e por vezes alucinado dos super-heróis.

A aposta é alta: o orçamento de Esquadrão Suicida, que reúne estrelas como Jared Leto, Ben Affleck, Margot Robbie e Will Smith, é de nada desprezíveis 175 milhões de dólares. Para a direção, foi chamado David Ayer, o diretor de filmes como Tempos de Violência (2005), Os Reis da Rua (2008) e Corações de Ferro (2014). Um nome experimentado em cenas de ação e de guerra.

Mas não se trata de uma tarefa fácil. Desde que foi vendida para a Disney, a editora de Homem de Ferro, Capitão América e amigos fez 10,2 bilhões de dólares em bilheteria com treze filmes que são parte de um mesmo universo — sem contabilizar franquias como X-Men (3,5 bilhões de dólares) e Homem-Aranha (3,9 bilhões de dólares), adquiridas anteriormente pelos estúdios Fox e Sony, respectivamente.

O ator Jared Leto em cena do filme 'Esquadrão Suicida' (Divulgação)

Com certo atraso – e após a ótima trilogia de Batman feita por Christopher Nolan (2,4 bilhões de dólares) —, a DC decidiu criar seu próprio universo expandido no cinema, começando pelo mais icônico herói da casa: Superman. O Homem de Aço (2013) e por Batman vs Superman: a Origem da Justiça (2016) não foram sucessos estrondosos e desagradaram bastante a crítica, mas somaram 1,5 bilhão de dólares juntos em receita. Esquadrão Suicida, terceiro episódio da saga, também não cativou os resenhistas, mas ainda mantém a missão de aumentar (e muito) a cifra. É esperar para ver o resultado.

O especial a seguir traz curiosidades sobre os profanos personagens, informações do filme, fotos, vídeos e um teste que promete mostrar o vilão que vive dentro de você.

Divirta-se.

Edição: Maria Carolina Maia
Reportagem: Raquel Carneiro e Rafael Aloi
Fotos e vídeo: Divulgação
Design e programação: Alexandre Hoshino, André Fuentes e Sidclei Sobral