A cantora coloca no mercado seu primeiro LP, Madonna. O disco emplaca os hits Holiday, Borderline e Lucky Star, e vende 10 milhões de cópias no mundo. Apesar das boas vendas, o álbum não passa de um aperitivo pop feliz comparado ao que estava por vir.
Like a Virgin é o disco responsável por mostrar a Madonna que o mundo viria a conhecer - e amar, ou odiar. Com lingeries à mostra e crucifixo no pescoço, ela se torna referência fashion para as mulheres. Ao mesmo tempo, se aproxima do público homossexual, sua base de fãs mais fiel. Com ela, a cultura pop dos anos 1980 começa a ganhar cara.
A apresentação de Like a Virgin no MTV Music Awards coloca Madonna em um novo patamar. Usando um vestido de noiva nada comportado e um cinto com a expressão “Boy Toy” (brinquedo de garoto), ela sensualiza na performance e estabelece ali a ousadia pop nos palcos das premiações que se seguiria com nomes como Britney Spears, Miley Cyrus, Ariana Grande, e por aí adiante.
Procura-se Susan Desesperadamente é o primeiro grande filme de Madonna a chegar aos cinemas. Sua carreira como atriz tem mais baixos do que altos, mas ela se recusa a ouvir críticas. Tanto que, em 1988, ainda se arrisca no teatro, na peça Speed The Plow, marcando sua estreia na Broadway.
A relação de Madonna com o catolicismo é longa e repleta de controvérsias. A primeira e mais marcante acontece quando ela lança o clipe Like a Prayer, primeiro single do álbum com o mesmo nome. No vídeo, a cantora dança no meio de cruzes em chamas e beija um homem negro que representa a imagem de um santo. O Vaticano reage enfurecido, fazendo a cantora perder, na época, um contrato milionário com uma marca de refrigerantes. Madonna não se mostra preocupada. E até hoje mistura elementos religiosos com seus clipes, coreografias e turnês.
Muito antes dos textões nas redes sociais, Madonna brada um forte discurso feminista. Para além das músicas pop dançantes, a cantora também grava letras empoderadas, caso de Express Yourself. Na faixa, ela reforça o discurso de que mulheres devem se valorizar e se expressar como são. No mesmo ano, ela chega ao topo das paradas com a canção Papa Don't Preach, sobre gravidez na adolescência e aborto - mais temas espinhosos para o circuito pop.
No auge da carreira, ela lança o controverso documentário Na Cama com Madonna. A cena mais comentada é aquela em que ela simula sexo oral com uma garrafa. Em outros momentos, aparece trocando de roupa - com os seios de fora. No Canadá, a Polícia tenta impedir uma apresentação, por causa da performance da diva no palco: em Like a Virgin, ela simula masturbação em cima da cama.
Uma cena de masturbação no palco não é suficiente para Madonna expressar sua luta pela liberdade sexual e autonomia feminina. Em 92, ela lança em conjunto o livro Sex e o disco Erótica. A coletânea de fotos mostra a cantora sem roupa, em cenários sadomasoquistas e de conotação homossexual. Na época, voltaram a gritar: “ela foi longe demais”. O livro e o disco, contudo, foram sucesso de vendas.
Argentinos ficam enfurecidos por alguém, por assim dizer, pornográfica, como Madonna, assumir o papel da mítica Evita Perón no musical Evita. O outro lado também a crítica por aceitar interpretar a mulher de um fascista. A pressão não a faz recuar. O filme leva o Oscar de melhor trilha sonora, com direito a uma marcante apresentação da cantora na cerimônia. Ela ganha uma estatueta no Globo de Ouro.
A mudança mais simbólica acontece em 98, com o disco Ray of Light, o primeiro que não provoca polêmicas, e ainda arrebanha elogios. Inspirada pela primeira filha, Lourdes Maria, a cantora traz a maternidade para suas letras combinado ao recém interesse pela cabala, sânscrito e ioga.
Sexo e a vida zen perdem espaço para a Madonna política com o disco American Life. Aqui ela provoca outro tipo de celeuma, ao criticar o estilo de vida americano, o presidente George W. Bush e as guerras abraçadas pelo país. O clipe entra para a lista de censurados devido ao início da Guerra do Iraque.
Enquanto alguns artistas veteranos torcem o nariz para os jovens que estão chegando – aparentemente prontos para tomarem o lugar dos velhotes —, Madonna prefere abraçar os discípulos. O momento mais marcante acontece no Vídeo Music Awards, da MTV, de 2003, em que ela reprisa a apresentação de Like A Virgin ao lado de Britney Spears e Christina Aguilera: com direito a beijo triplo. Nos anos seguintes, ela canta ao lado de nomes como Justin Timberlake, Taylor Swift, Miley Cyrus e Nicki Minaj.
Perto de completar 50 anos de idade, a cantora estoura novamente nas pistas de dança com o disco Confessions On a Dance Floor: A música Hung Up ocupa o primeiro lugar das paradas em mais de 30 países. Madonna então deixa claro que gosta do posto de rainha do pop.
A cantora cria o projeto Raising Malawi, no país africano Malauí, que oferece abrigo, educação e saúde para crianças órfãs. Em 2017, ela inaugura uma unidade pediátrica que oferece cirurgias em um hospital local. A relação com o país levou a cantora a adotar quatro crianças por lá. O primeiro foi David Banda, em 2006, seguido por Mercy James (em 2009) e as gêmeas Stelle e Estere (em 2017).
Enquanto enfrenta uma queda na venda de seus discos, Madonna mantém a tradição de shows superproduzidos, polêmicos, dançantes e repletos de dançarinos. O melhor resultado em renda vem com Sticky & Sweet Tour, que arrecada 408 milhões de dólares.
Madonna desacelera o ritmo de gravações. Seu disco mais recente, Rebel Heart, é lançado em 2015. Meses antes, a cantora enfrenta um drama dos novos tempos: o álbum é vazado na internet, o que dá início a um longo processo investigativo. A confusão só aumenta o interesse em torno do trabalho, que fica completo com outra grande e rentável turnê pelo mundo.
Ao lado dos quatro filhos adotivos, a americana se muda para Lisboa — onde David treina com o time juvenil de futebol do Benfica. Enquanto exerce o papel de mãe coruja, ela diz buscar inspiração na atmosfera artística do país.
Madonna anuncia que seu 14º disco de estúdio está sendo gravado. Ela volta a trabalhar com o produtor Mirwais, responsável por canções de sucesso nos álbuns Music, American Life e Confessions on a Dance Floor.