No rastro
da tragédia

Um ano após o rompimento da barragem do Fundão, da mineradora Samarco, que vitimou 19 pessoas, soterrou cidades com lama e poluiu o Rio Doce, VEJA voltou a percorrer os mais de 700 quilômetros de destruição entre Mariana, em Minas Gerais, e Linhares, no Espírito Santo

Jennyfer Ann Thomas

Jennifer Ann Thomas

Jonne ???

Jonne Roriz

Xande Oliveira

Xande Oliveira

Ao longo de dez dias, VEJA revisitou os 700 quilômetros percorridos pela onda de rejeitos de minério de ferro ao longo do Rio Doce, entre Minas Gerais e o Espírito Santo, formada após o rompimento da barragem do Fundão, da mineradora Samarco, localizada no município de Mariana. Tragédia ocorrida há um ano, em 5 de novembro de 2015, e que matou 19 pessoas e encheu de lama vilarejos e cidades.

Até a chegada à área mais destruída pela força da lama, nos arredores de Bento Rodrigues (MG), a reportagem se deparou com histórias de prejuízos econômicos e sociais, além de gravíssimos danos ambientais. Todos os indícios levam à culpa da mineradora Samarco. Inquéritos abertos pelo Ministério Público Estadual sugerem descaso da empresa, antes e após o desastre. Uma leviandade que teve como consequências a perda de vidas, a destruição de municípios e a devastação da natureza.

REGÊNCIA

O encontro do barro com o mar

A primeira parada de VEJA foi na Reserva Biológica de Comboios, localização da base do Projeto Tamar, ONG responsável por observar cerca de 40 quilômetros de praia onde tartarugas-de-couro e tartarugas-cabeçudas passam pelo período anual de desova. A vila de pescadores de Regência presencia o ápice da chegada de tartarugas entre novembro e dezembro, justamente o período no qual o rejeito de extração de minério de ferro atingiu o litoral, em 2015. De acordo com a bióloga Flávia Ribeiro, do Tamar, ainda é cedo para dizer quais serão os impactos da lama contaminada no organismo dos animais: “Os filhotes que nasceram em novembro passado só retornarão para cá em trinta anos. Aí, analisaremos a quantidade de ovos, a taxa de natalidade, de natimortos, entre outros dados, para avaliar o impacto da poluição na espécie.”

NATUREZA SOB RISCO Tartarugas que desovam nas praias podem ter suas crias contaminadas

No dia seguinte à chegada de VEJA no vilarejo, Flávia se deparou com uma tartaruga-de-couro, com casco de aproximadamente 1,80 metro de comprimento, enroscada em uma rede de pesca ilegal – a prática está proibida no mar, devido a análises feitas nos pescados após o lastro de lama desembocar no Oceano Atlântico naquele fatídico 5 de novembro de 2015. O equipamento era do pescador Josimar Miguel, de 29 anos. Apesar da lama no rio e dos altos índices de contaminação nos peixes de água salgada, Miguel nunca deixou de trabalhar. “Para alguns, o acidente foi até bom”, ele admitiu. “Muita gente está ganhando dinheiro sem ter que trabalhar”, completou. Vários barcos de pescadores da região estão parados há, pelo menos, três anos, em consequência de uma gradual diminuição da quantidade de peixes nas águas. Esses chegaram a usar a tragédia de Mariana, que ocorreu há um ano (não três) como artifício para conseguir indenizações da mineradora Samarco. E conseguiram. Como se afirma em um novo ditado popular que circula pela vila: “A lama está mais nas pessoas do que no rio”.

PESCA INTERROMPIADA A prática foi proibida no mar, pelo risco de intoxicação, mas alguns continuam com a atividade; enquanto, outros, se mudaram para a região, fingindo ser trabalhadores da área, apenas para faturar com o auxílio da Samarco

COLATINA

Um rio maltratado faz séculos

No caminho entre as cidades de Colatina e Baixo Guandu, no Espírito Santo, o biólogo Dante Pavan, do Grupo Independente para Avaliação do Impacto Ambiental (GIAIA), transformou uma propriedade de sua família em base de conservacionistas preocupados com a atual situação da natureza local. Em especial, com a poluição que se alastrou pelo Rio Doce desde a tragédia de Mariana. O GIAIA analisa a composição química das águas e do solo em busca de medir os impactos causados pelo rejeito de minério de ferro.

Às margens do Rio Doce, Pavan mostrou à reportagem de VEJA, por exemplo, como o tom esverdeado da água não passa de mera ilusão. “O sedimento se concentrou nas margens e no fundo do leito do Doce. Quando chover, esse material poderá ser revirado e voltar à superfície”, analisou, enquanto mexia na margem do rio com as mãos.

Pavan ainda alerta para o fato de que o Espírito Santo já sofria com a erosão do solo, devido à criação de gado de corte, e pelo uso insustentável da terra, consequente das plantações de café. Portanto, a economia que depende dos recursos naturais estava ameaçada muito antes de a lama chegar ao Rio Doce – e, em todas as situações, a principal causa é a ação inconsequente do homem. Isso também se reflete na seca pela qual a região vem passando. “Pela primeira vez, a própria dependência econômica exauriu os recursos que a movimentam. Abriu-se assim uma oportunidade para pensarmos, juntos, em uma recuperação econômica, mas ambientalmente sustentável”, pontuou Pavan.

RESPLENDOR

O adeus a velhos hábitos

Os 300 membros da Reserva Indígena dos Krenaks, que ocupa 4 000 hectares na beira do Rio Doce, viram seu modo de vida mudar radicalmente após o rompimento da barragem da Samarco. Desde que a lama chegou, os indígenas contam que deixaram de ter contato com a água fluvial. Laurita Maria Félix, de 80 anos, a mais velha da tribo, explica que nunca mais foi até o rio e não comeu mais peixe, por receio de contaminação: “Antes, a gente ia até o Doce para `conversar` com ele. Digo, não era só pela nossa sobrevivência. Agora, a tendência é piorar tudo”.

O RIO VIROU VILÃO Antes, indígenas garantem que até “conversavam” com as águas fluviais; hoje, não bebem dela, não consomem seus peixes e têm medo até de nadar no Doce

Agora, as famílias dependem integralmente de auxílio da Samarco para ter acesso a água potável. Outro desalento é que as crianças não vão mais nadar no rio. “Meu neto, de 3 anos, o Ranieri, estava começando a aprender. Ele esperneou por não poder ir ao Doce. Mas é assim que terá que ser”, afirmou Laurita.

TUMIRITINGA

Pé no barro

Seu Zeca, ou José Fernando Pereira, de 63 anos, trabalha descalço como barqueiro da prefeitura. Sua tarefa consiste em realizar travessias de uma margem à outra do Rio Doce para aqueles que batem ponto em fazendas do lado de lá de Tumiritinga. Com 45 anos de vivência no município, Zeca diz que passou mal por uma semana com o cheiro de peixes mortos que impregnou a região após o desastre do rompimento da barragem.

Entre Minas Gerais e o Espírito Santo, onze toneladas de pescado tiveram que ser removidas das margens. Ao longo do último ano, desde a chegada do rejeito, Zeca percebeu que seu pé começou a ficar machucado, algo que não acontecia antes. “Com a seca, meu barco atola no meio do caminho, entre as pedras, e tenho que desprendê-lo dentro da água para chegar ao outro lado”, disse, explicando os ferimentos. Sem poder pescar, devido à contaminação, ele recebe cerca de 1 650 reais da Samarco, como indenização, sendo que o valor inclui sua esposa e seu neto como dependentes.

DOR QUE NÃO PARA O barqueiro Seu Zeca: o excesso de lama diminuiu a profundidade do rio, o que leva sua canoa a atolar e, ele, a se machucar para forçar a saída do barro

BARRA LONGA

Maquiada para a festa

Em Barra Longa, a cidade era um canteiro de obras até o domingo do dia 30 de outubro de 2016. A data marcou a entrega da nova Praça Manoel Lino Mol, interditada desde o dia 6 de novembro por ter sido atingida pela lama fruto da mineração. Ao mesmo tempo em que a Samarco organizou um dia de festividades, com pipoca, picolés, frutas e bandas, parte da população continuava indignada.

SÓ PARA SAIR BEM NA FOTO Moradores acusam a Samarco do forjar a restauração da cidade tão-somente para que repercutisse bem na mídia

“Maquiaram a cidade para a festa”, reclamou o empresário Antônio Luiz Gonçalves, de 58 anos. Dono de uma pousada que fica na orla do Rio do Carmo, por onde o rejeito chegou e que deságua no Doce, o seu imóvel é o único que continua coberto por tapumes de metal para esconder as marcas marrons que mostram até onde chegou a sujeira. “Afirmaram que não reformariam a minha casa porque sem ela a vista para o rio ficará mais bonita”, alegou Gonçalves. Dez minutos antes de a cerimônia de entrega da praça começar, o empresário afirmou que um representante da Samarco entrou em contato para negociar a compra de outro imóvel e propor um contrato para demolirem a construção atingida. De acordo com a Samarco, a casa de Gonçalves fica em uma Área de Proteção Permanente e por isso não há autorização para reformá-la.

PARACATU DE BAIXO

Destruição sem fim

A 50 quilômetros do Bento, o distrito de Paracatu de Baixo ainda tem cerca de 10 famílias que preferiram permanecer na região ao invés de aceitar uma acomodação em Mariana, oferecida pela Samarco. Um dos remanescentes é Waldir Pollack, 75 anos, produtor rural de sistemas orgânicos. Comum espírito de cidade-fantasma, Paracatu se assemelha a um cenário de guerra, com casas pela metade, telhas e objetos espalhados por todos os lados e uma escola invadida por lama cujo calendário de ano letivo teve a última data riscada em 5 de novembro, horas antes de a lama chegar.

Pollack mantinha uma horta orgânica que abastecia cerca de 500 casas na região. Com a lama, ficou sem mão de obra para cuidar dos alimentos e só voltou a produzir em fevereiro deste ano, quando o atendimento caiu para quarenta casas. “Nunca usei a água do rio porque ela sempre foi poluída por mineração e pela falta de saneamento”, disse. Além do cuidado com os orgânicos, o produtor rural dedicou os últimos 30 anos a recuperar as margens do Rio Gualaxo do Norte, afluente do Doce que passa por Paracatu. “Pelo menos a Samarco diz que vai reflorestar o que perdemos”, compartilhou, com esperança.

BENTO RODRIGUES

O marco zero do desastre

Atualmente, o vilarejo de Bento Rodrigues, destruído pela lama vinda da barragem rompida, continua sendo considerado como área de risco e a Defesa Civil afirma que, caso uma sirene soe, a região precisa ser evacuada em 15 minutos, no máximo. O espaço deixado pelo antigo Bento e ocupado pelo rejeito endurecido mostra móveis pela metade, eletrônicos espalhados, objetos pessoais escancarados, casas total ou parcialmente derrubadas e até mesmo lixo jogado no chão por visitantes que passaram por ali no último ano.

No primeiro dia de visita, a reportagem conversou com o presidente da Fundação Renova, Roberto Waack, biólogo e administrador reconhecido no setor ambiental. A entidade foi criada pela Samarco em conjunto com os órgãos públicos para administrar as medidas de recuperação. “O nosso trabalho não isenta a companhia da responsabilidade pelo o que aconteceu”, afirmou Waack. Constituída em 30 de junho e com o início das operações em 2 de agosto último, a Renova já é ré em um processo movido contra ela pelo Ministério Público Estadual (MPE).

Pela vida na roça, havia muitos cavalos e a Renova assumiu a negociação com os cerca de 60 donos de animais para remanejá-los. No entanto, o MPE descobriu que foram oferecidos valores abaixo do mercado e que houve “omissão na entrega de cópia do contrato e indicação de contratante diverso”. Então, uma liminar foi deferida e os 30 acordos assinados foram anulados. Na situação em que a Renova se encontra como ré, um representante da Fundação fez um contrato de compra de um cavalo no nome de um menor de idade e quem assinou o documento foi seu irmão mais velho. “Eles deveriam ter procurado os pais do jovem, além de realizar uma oferta que correspondesse ao real valor do animal”, explicou Guilherme Meneghin, promotor de justiça do MPE.

Acompanhada dos moradores Alexsandra Martins Teixeira Silva, João Leôncio Martins, José Barbosa e Keila Fialho Santos, a reportagem revisitou o local para conhecer onde ficavam as suas casas. Tristeza, saudosismo e raiva marcaram os momentos dos atingidos com os locais onde passaram a maior parte de suas vidas. Alexsandra perdeu seu negócio, um sacolão ao lado de casa e agora, morando em Mariana, ela não consegue trabalhar e cuidar dos filhos ao mesmo tempo. No dia da lama, João buscou seus cachorros, viu o seu preferido ser mordido no pescoço por um pitbull, salvou o bicho de estimação daquele que o atacou e, mesmo assim, acabou se perdendo do companheiro canino – ele procura pelo cachorro todos os dias e ainda tem esperança de encontrá-lo. Já José viu 10 anos em economias serem soterrados, junto com o sonho de comprar o primeiro carro 0 km de sua vida. Por fim, Keila sentiu o desespero de ter que salvar seus dois filhos e sua mãe, no dia da tragédia.

Em busca de justiça

COM A MIRA NOS CULPADOS O promotor de justiça Guilherme Meneghin: “Em ações coletivas, ao menos estamos garantindo o mínimo necessário à sobrevivência dos afetados pela devastação”

A partir do momento em que a barragem se rompeu, quem assumiu a frente para garantir os direitos dos atingidos foi o promotor de Justiça Guilherme Meneghin, de 33 anos, do MPE. Em uma reunião pública em Mariana, ele explicou os avanços que estavam acontecendo até aquele ponto, enquanto respondia aos questionamentos dos atingidos, chamando-os pelo primeiro nome. Uma das principais frentes de Meneghin é assegurar que os desabrigados não ganhem apenas posses e indenizações.

“A vida nestes locais não se trata só de dinheiro, mas de um estilo de vida rural, muito diferente daquele levado em Mariana, uma cidade bem maior”, explicou. As pessoas não tinham hábito de guardar dinheiro em bancos, até mesmo porque não existiam agências nos locais. Quase todos tinham uma horta própria e plantavam e colhiam os alimentos para o sustento. As casas eram coloniais, com telhas e janelas do mesmo estilo, e bastante espaçosas.

Ao longo do último ano, pelo menos doze ações foram ajuizadas pelo MPE para garantir que a Samarco atendesse às exigências e garantisse a qualidade de vida mais próxima possível daquela que era levada nos locais arrasados. O valor mais alto pago pela empresa foi de 100 000 reais por antecipação de indenização à família de cada uma das 19 vítimas da lama.

Como se a desgraça por si só não fosse suficiente, os moradores do Bento vêm sendo alvo de preconceito pelos habitantes de Mariana. Eles são chamados de "pé de lama" e as crianças sofrem, principalmente, na escola. Guilherme Marcos, de 13 anos, ouviu de uma professora que era um "aproveitador" da situação. O resultado: bombou na matéria lecionada por ela, reprovou de ano e seus pais preferiram mudá-lo de colégio. Enquanto isso, a filha de Keila, que tem 11 anos, ouviu de um desconhecido na rua que as pessoas do Bento "deveriam ser jogadas de volta na lama". A menina começou a demonstrar sintomas de depressão e iniciará um acompanhamento psicológico.

De onde partiu a sujeira

Em visita guiada à imprensa, funcionários da mineradora Samarco apresentaram melhorias que vêm sendo feitas ao longo do último ano para impedir que mais rejeitos vazem para o Rio Gualaxo do Norte. Se isso ocorresse, os resíduos iriam até os rios do Carmo e Doce. O grande receio, para um futuro próximo, é que o período de chuvas faça com que os restos remanescentes sejam novamente carreados para as áreas já prejudicadas. Dentro do complexo de diques e barragens da Samarco, ainda existem 13 milhões de metros cúbicos de sobras entre o Fundão e o chamado dique S4, a principal e mais polêmica obra da empresa. Entre estes dois pontos se situa a barragem de Santarém. Após o rompimento em novembro de 2015, acreditava-se que essa estrutura também estivesse danificada, mas depois se provou o contrário. O complexo de Santarém, que era uma barragem de água, comporta 7 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Ele, sozinho, seria capaz de conter apenas metade do que sobrou na área da empresa. Por isso, a Samarco defende que a construção do S4 é essencial para garantir a contenção do material que ficou por ali.

A dita polêmica em torno do novo investimento é que parte do que sobrou da vila de Bento Rodrigues será inundada. Para os moradores, a iniciativa é um desrespeito à memória de vidas perdidas naquela área. Já a empresa argumenta que a parte inundada será apenas a que foi completamente destruída. As edificações que continuam parcialmente em pé, em torno da capela e a do cemitério, não serão afetadas. Para garantir esse limite, a altura do dique será de no máximo 8,5 metros. Por conta das reclamações, a liberação da obra foi emitida somente no dia 21 de setembro último, via decreto estadual. Com o complexo de diques, barreiras e barragens, a lógica é que o material terá pontos de amortecimento ao longo do caminho, perdendo força e velocidade e assim não causará o mesmo estrago de novo, caso ocorressem futuros problemas.

Durante a mesma visita, foi apresentada a sala de monitoramento e segurança criada após o desastre. No fatídico 5 de novembro de 2015, a Samarco usava instrumentos chamados de piezômetros, que medem a quantia de água em uma barragem. Além de serem manuais, os equipamentos estavam passando por manutenção. Pior: câmeras de vigilância e sirenes de aviso foram instaladas apenas depois da tragédia. O plano para avisar os moradores em caso de um desastre era o de simplesmente telefonar para cada um deles. Na prática, ficaram sabendo do rompimento pelo estrondo causado pela lama, não via Samarco. Aqueles que estavam em Paracatu de Baixo não contaram nem com as ligações telefônicas, pois a região não tem cobertura. O arranjo foi um helicóptero pousar no campo de futebol do distrito, e então os moradores saíram a cavalo para informar os desavisados.

A ORIGEM DO CAOS Instalações da Samarco: não havia medidas adequados de segurança quando ocorreu o rompimento da barragem naquele fatídico 5 de novembro de 2015

A reconstrução

SOPRO DE ESPERANÇA Área onde a mineradora pretende erguer uma cidade para abrigar quem perdeu sua casa ou comércio

Em maio deste ano, representantes das famílias de Bento Rodrigues escolheram, com 92% dos votos a favor, a área onde será construída uma nova Bento. O terreno é conhecido como Lavoura e fica no mesmo caminho que os atingidos precisavam percorrer para chegar à vila destruída. O mesmo processo foi realizado pelos moradores de Gesteira, que em julho optaram pelo novo local, chamado de Macacos, com 95% dos votos de aprovação. E ainda pelos desabrigados de Paracatu de Baixo, que elegeram em setembro a área de Lucila, com 65%. A previsão é que a Samarco leve três anos para concluir as obras e as entregue em 2019.

Procurado pela equipe de VEJA, o ex-diretor-presidente da mineradora Samarco, Ricardo Vescovi, se pronunciou sobre o rompimento da barragem do Fundão por meio de nota enviada pelos seus advogados. No dia 20 de outubro, Vescovi foi denunciado pelos crimes de homicídio com dolo eventual, crime ambiental e fraude no processo de licenciamento. Veja a resposta, na íntegra, de Vescovi:

O Senhor Ricardo Vescovi de Aragão estava em meio a uma reunião quando recebeu a informação de que a Barragem de Fundão havia rompido. Ficou absolutamente incrédulo, pois, além de jamais ter tomado conhecimento de que a estrutura pudesse concretamente entrar em colapso, técnicos e profissionais extremante renomados monitoravam, acompanhavam e participavam do desenvolvimento da referida barragem.

Na condição de Diretor Presidente da Samarco, Ricardo Vescovi de Aragão imediatamente ordenou o fornecimento de ajuda incondicional às vítimas, famílias e autoridades. Para tanto, disponibilizou todos os recursos humanos e financeiros da empresa.

Além disso, Ricardo Vescovi de Aragão se dirigiu ao local e lá teve pessoalmente contato com inúmeras pessoas atingidas pelo acidente, prestando toda a sua solidariedade e aproveitando a oportunidade para reafirmar o compromisso de que a Samarco e todos os seus funcionários trabalhariam 24 horas por dia para mitigar os efeitos do acidente.

Em meados de janeiro de 2016, Ricardo Vescovi de Aragão acabou se licenciando da Samarco, de modo que parou de acompanhar o desenvolvimento do trabalho de recuperação do meio ambiente e proteção da população.

Recentemente, Ricardo Vescovi de Aragão recebeu a notícia relativa à denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal. Apesar de ter ficado bastante surpreso com as acusações lançadas, ele tem certeza de sua inocência e muita confiança de que o Poder Judiciário haverá reconhecê-la.

EXPEDIENTE

Reportagem:
Jennifer Ann Thomas

Direção, captação e edição de vídeo 360°:
Xande Oliveira

Fotografia e captação com drone:
Jonne Roriz

Edição de conteúdo:
Filipe Vilicic

Direção de Arte:
Rafael Costa

Edição de Arte:
Alexandre Hoshino

Design e desenvolvimento:
Alexandre Hoshino e Sidclei Sobral

Edição de vídeos:
André Chagas e Isabel Hamdan

Edição e pós-produção 360°:
Lucas Mariano