Apesar de o presidente Michel Temer (PMDB) insistir que seguirá no cargo até o fim previsto para o seu mandato, em dezembro de 2018, a crise política em torno do governo não parece arrefecer. Com a delação de executivos da JBS, a consequente abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal e a iminente denúncia contra ele que será feita pela Procuradoria-Geral da República, a saída do peemedebista - por renúncia, afastamento pela Justiça ou impeachment pelo Congresso - deixou de ser uma possibilidade distante.
No cenário político brasileiro, entretanto, faltam nomes fortes para ocupar o posto. Em Brasília, partidos sem alternativas relevantes para a disputa conversam sobre possíveis candidatos para o caso de uma eleição indireta, na qual o sucessor de Temer seria escolhido por deputados e senadores, como determina a Constituição.
Com as lideranças mais óbvias dessas legendas envolvidas em delações, passaram a ser especulados nomes que estavam distantes do protagonismo político há algum tempo e que, em tese, não imprimiriam mudanças marcantes ao governo até o pleito de 2018, principalmente em relação à condução das reformas econômicas.
Se esses “presidenciáveis” são (ou eram) personagens secundários no meio político, recebem ainda menos atenção do restante da população. A principal figura cotada, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), só atraiu alguma curiosidade após a delação da JBS, em maio, por ser o primeiro na linha de sucessão, caso Temer não resista às denúncias.
Reportagem de VEJA, com base em resultados de buscas no Google, mostra como e por quais motivos variou ao longo do tempo a projeção de nomes cogitados para conduzir o país até as eleições de 2018. Em setembro do ano passado, quando assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal, as buscas por Cármen Lúcia chegaram ao auge. Em maio deste ano, com Temer emparedado pelas revelações da JBS, quem atingiu o pico de interesse foi Maia, seguido por outros cotados para uma eventual eleição indireta, como o ex-ministro Nelson Jobim, o atual chefe da Fazenda, Henrique Meirelles, e o senador tucano Tasso Jereissati.
Buscas entre 2004 e 2017
A popularidade dos ‘presidenciáveis’ no Google nos últimos 13 anosAté o impeachment de Dilma Rousseff (PT), que colocou Michel Temer (PMDB) no poder, Fernando Henrique Cardoso havia sido o último fora do PT a ocupar a Presidência. Seu nome é constante nas buscas dos últimos 13 anos, entre os seis que ganharam relevância em discussões sobre possíveis eleições indiretas. O ex-ministro da Defesa de Lula e Dilma, Nelson Jobim, também foi foco de alguma atenção quando ocupou o cargo, entre 2007 e 2011, mas sumiu das pesquisas dos brasileiros depois de deixar o governo. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e a ministra do STF Cármen Lúcia estavam longe dos holofotes na década passada.
Buscas desde janeiro de 2017
As pesquisas neste ano – e a reviravoltaA saída de Dilma Rousseff (PT) não foi suficiente para trazer à tona nomes alternativos para ocupar o cargo de presidente, já que o vice-presidente era uma saída institucional razoável à mão, mas a citação de Michel Temer (PMDB), de forma comprometedora, na delação da JBS, no mês passado, e a possibilidade de ele também ser afastado do cargo desencadeou a busca por nomes fora do lamaçal político em que o país havia mergulhado. Além de querer saber “o que é uma eleição indireta”, brasileiros foram ao Google atrás de Rodrigo Maia (DEM-RJ), o sucessor imediato, e Cármen Lúcia, a terceira na linha sucessória, após o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Até o ex-ministro Nelson Jobim, considerado forte dentro do PMDB, com algum trânsito no PT e respeitado no Judiciário, voltou para a “boca do povo”.
As dúvidas sobre os presidenciáveis
O que motivou as buscas pelos cogitados desde 2004Entre eleições vencidas e perdidas, cargos no governo e declarações controversas, todos os cogitados para eleições presidenciais indiretas, em caso de queda de Michel Temer (PMDB), tiveram seus momentos de fama na imprensa e, consequentemente, no Google. Mais do que interesse em seus pensamentos políticos e planos para o país, o que mais motivaram as buscas por esses nomes foram polêmicas nas quais se meteram e detalhes de suas vidas pessoais.